Com o objetivo de fortalecer a Tecnologia Social como estratégia de desenvolvimento para a Amazônia, através do conhecimento científico, coletânea de pesquisas mapeia a experiência de Tecnologias Sociais na Amazônia.
Com o objetivo de fortalecer a Tecnologia Social como estratégia de desenvolvimento para a Amazônia, através do conhecimento científico, coletânea de pesquisas mapeia a experiência de Tecnologias Sociais na Amazônia.
No início dos anos 2000, uma série de instituições como ONGs, universidades, movimentos sociais, universidades, entre outras, começaram a pensar uma alternativa tecnológica para a Amazônia, considerando suas particularidades. Essa convergência ocorreu devido ao fato de iniciativas de desenvolvimento econômico baseadas no modelo capitalista convencional foram implantadas sem êxito, e deixando sequelas profundas nas comunidades tanto no aspecto ambiental como no aspecto sociocultural. Essas novas tecnologias foram pensadas com o intuito de promover o diálogo e a valorização dos diferentes conhecimentos das classes populares através da apropriação do processo de desenvolvimento. Esse movimento marcou o início das Tecnologias Sociais (TS).
Regina Oliveira, ecóloga, pesquisadora da Coordenação de Ciências Humanas do Museu Goeldi, explica que “as tecnologias sociais, sejam métodos, processos ou produtos, precisam ser validadas, comprovadas pelo grupo social que tem essa demanda. E quando você tem esse método, produto ou processo a gente chama de solução sociotécnica. Esse conjunto mostra claramente que você consegue trabalhar o conhecimento científico junto com o conhecimento local e tradicional”. Com o intuito de promover maior conhecimento e divulgar as TS na Amazônia, surge o Programa Tecnologias Sociais para Amazônia Sustentável – Agenda 2030. Esta iniciativa foi coordenada pelas Instituições Científicas e Tecnológicas (ICTs) vinculadas ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e sediadas na Amazônia – o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), o Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (IDSM) e o Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG). Este projeto ainda contou com o Núcleo Interdisciplinar para o Desenvolvimento Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Nides/UFRJ), além de bolsistas que contribuíram para as atividades institucionais e para os projetos desenvolvidos internamente.
As Instituições participantes do programa desenvolveram três projetos, que, de forma compartilhada, contribuíram para a construção de um arranjo interinstitucional e sociotécnico em prol da tecnologia social na região. São eles:
Projeto Rede Amazônica De Tecnologia Social Do Instituto Nacional De Pesquisas Da Amazônia (INPA) – Coordenado por Denise Machado Duran Gutierrez, o projeto buscou mapear o conjunto de tecnologias sociais sustentáveis existentes na região e oferecer subsídios para a construção futura de uma plataforma aberta para consultas e reaplicação de TS. O conjunto de ações busca ainda: sistematização, divulgação, popularização das Tecnologias Sociais através da elaboração de metodologia de identificação e catalogação de Tecnologias Sociais; definição de indicadores de qualificação; elaboração dos parâmetros para a construção da Plataforma Interinstitucional de Tecnologias Sociais Sustentáveis e Arranjos Sociotécnicos; produção e instalação de Unidades Demonstrativas e protótipos de tecnologias sociais nos espaços de visitação pública das instituições (INPA e colaboradores) com fins expositivos; elaboração de estratégias de comunicação para difusão de conhecimentos e produção de materiais instrucionais (vídeos, cartilhas, catálogos etc.). Espera-se contribuir com o desenvolvimento de conhecimento na área de tecnologia social e no provimento de experiências significativas e relevantes aos que busquem trabalhar com tecnologia social na Amazônia.
Projeto Tecnologias Sociais Sustentáveis Para A Amazônia – Agenda 2030 Do Museu Paraense Emílio Goeldi (Mpeg) – Coordenado por Regina Oliveira da Silva, o projeto foi desenvolvido para a realização do mapeamento das tecnologias sociais existentes na Amazônia e, dessa forma, a partir dos dados desenvolver ações futuras que permitam elaborar indicadores, reaplicação de tecnologias sociais e suas avaliações. Ademais, os resultados promoveram a sistematização (banco de dados) e difusão de TS sob forma de coletânea, apresentações e realização de oficinas em eventos científicos que contribuíram para a popularização das tecnologias sociais, além de novas parcerias institucionais. No âmbito deste projeto, o MPEG desenvolveu atividades internas que geraram a divulgação de tecnologias sociais associadas às diferentes linhas de pesquisa institucional. A formação de uma equipe de bolsistas foi fundamental para o desenvolvimento das atividades previstas no Projeto. As ações resultaram em publicações científicas, planejamento de comunicação interna e externa para difusão das tecnologias sociais, catalogação das TS desenvolvidas pela instituição, construção de protótipos e unidades demonstrativas, vídeos e o fortalecimento interno da pesquisa já qualificada e atuante, com parceria de povos indígenas e populações tradicionais, pequenos agricultores, pescadores e artesãos.
Projeto Tecnologias Sociais Sustentáveis Na Amazônia Central: Manejo De Recursos Naturais E Desenvolvimento Regional Do Instituto De Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (IDSM) – Coordenado por Dávila Corrêa, o projeto teve como objetivo fortalecer a expansão, a reaplicação e a disseminação de tecnologia social consolidada no âmbito da produção sustentável da sociobiodiversidade e realizou a identificação de experiências no campo de TS na Amazônia, constituindo uma importante base para estudos e ações futuras. Foram realizados quatro treinamentos com a temática dos manejos em áreas de várzea, especificamente o Manejo de Pirarucu, Manejo Florestal Comunitário, Manejo de Abelhas nativas sem ferrão e Turismo de Base Comunitária, com foco na capacitação de técnicos de organizações públicas e não governamentais e lideranças indígenas. Estas capacitações foram avaliadas como potenciais instrumentos de reaplicação das atividades de manejo em outras regiões da Amazônia. Além disso, foram realizados eventos com temas sobre desenvolvimento das populações tradicionais e Tecnologias Sociais, e uma certificação sobre a metodologia de contagem de pirarucu de manejo para pescadores. Espera-se que os resultados deste projeto contribuam para a expansão e reaplicação dos sistemas de manejo, e para a melhoria e aperfeiçoamento do método de aprendizagem para reaplicação e apropriação destas tecnologias. O resultado final da coletânea reúne experiências na região amazônica, representando diversos municípios e 32 instituições, as quais entendemos que dão sustentação a um grande arranjo interinstitucional em torno da concretização de 100 iniciativas identificadas.
A contribuição destas instituições, seja cadastrando informações sobre experiências, seja divulgando o levantamento que estava em andamento na região, foi essencial para a produção da Coletânea de Experiências de Tecnologia Social na Amazônia. Para ler a Coletânea completa acesse o link.
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